segunda-feira, 26 de setembro de 2011

cidades imaginárias

Por Vinicius Libardoni

Extra, extra! A maior desgraça às cidades brasileiras está com data marcada!
Embora neste país exista sempre um enorme vazio entre a teoria e a prática, desta fez, (in)felizmente, largamos muito na frente. Estamos correndo disparados em direção a uma grande tragédia: a Copa do Mundo de 2014 e o ‘Rio 2016’. Espero, ansiosamente, descobrir que estive equivocado, porém, é assim que percebo a situação atualmente.
A questão é simples, existem duas expectativas muito distintas: aquela dos cidadãos brasileiros, e a dos milhões de turistas que deverão visitar o país nos próximos anos. Equivocadamente, priorizam-se cidades imaginárias, as quais os turistas sonham encontrar, ou, talvez, aquelas que desejamos projetar para agradá-los. Tudo em favor de um turismo acidental, ou a tentativa falha de vender uma imagem quase que pitoresca, de um país maravilhoso. Maravilhoso? Até quando vamos encontrar na paisagem a doce ilusão de estar vivemos em um lugar maravilhoso? Estamos tão distantes de um país maravilhoso quanto esta cidade imaginária do turista está da real situação urbana e social deste país.
Seria, por acaso, um desejo absurdo sonhar com cidades imaginadas, ou seja, aquelas feitas para as pessoas que nelas vivem? Parece-me que, a cidade que é boa para a população que a habita, é também uma cidade agradável aos forasteiros. Entretanto, aquela cidade “imagem” que tanto pode ser proveitosa para um turista, nem sempre, e quase nunca, é aprazível ao ser que nela vive cotidianamente.
Isso deveria ser visto como uma grande oportunidade de crescimento social e produção de um espaço urbano justo para com seus cidadãos. Foi o que Barcelona fez quando dos jogos olímpicos de 1992. La onde Gaudí, desenvolveu sua arquitetura nacionalista disparatada, foi onde coincidiram as expectativas dos turistas e as necessidades dos cidadãos. O êxito foi indiscutível, talvez o maior exemplo deste tipo de evento global. Uma justificativa para transformar a ordem urbana. Porém, no país da arquitetura mambembe, nossas experiências prévias tem sido desastrosas. Nossa enorme capacidade de deixar tudo pra depois integrada com a essência podre dos governantes, tudo aponta para uma exótica promoção de um país de faz de conta. O PAN Americano de 2007 foi calamitosa. Parece que não houve nenhum aprendizado. Como benefício para a cidade ficou um estádio que antes de pronto já precisava ser reformado, e a cidade olímpica, que ao que me consta, são dezenas de apartamentos mal projetados que se encontram vazios, sem nenhum tipo de uso. Da pra recorrer da escolha com a FIFA e com a COI? Não? Então devo desejar boa sorte! Espero que seja suficiente!

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