Pensamentos descritos razoavelmente para que servem? Feliz
dos poucos que não se deram conta do quão depressa as coisas se movimentam.
Estamos sentados, paralisados. E o mundo está girando, a todo vapor. Assistimos
a passagem da vida em alta frequência. E nos dizem que estamos desfrutando da
realidade em alta definição. Quanto mais real se torna aquilo que está sendo
representado a nossa frente, mais fajuta se torna a nossa vida, ao ponto, de
existir mais valor no que se vê do que no que se vive. Estamos observando o
tempo consumir as coisas. Não há tempo para estar consigo mesmo, quem dera com
os outros. Estar atualizado demanda atenção. Aliás, já não há ninguém com déficit
de atenção não é verdade? As luzes se acendem e as relações pessoais se
tornaram virtuais. Virtual, por definição é algo que ainda não se realizou.
Assim, estamos de passagem e tudo que tentamos preencher, as amizades, os
encontros, os lugares, as intenções, ainda não se realizaram. E vamos seguindo
no mundo do faz de conta. Atualmente é preciso enganar-se a si mesmo. Que temos
um emprego maravilhoso, que amamos a nossa família, que a vida é perfeita.
Tentamos nos convencer de estar fazendo parte de um sonho comum. Inventado. Por
trás do véu invisível do ser virtual existem pessoas frágeis, imaturas, insensíveis,
ignorantes. Fazem de conta que as coisas não existem. Que o mundo e as pessoas não
existem. Assim se tornam descartáveis. Como se diz, existimos sempre que haja
lembrança. Lembrança se constrói, vivendo. Compartilhando o tempo frente a
frente, olho no olho.
Estamos muito atarefados, ocupados. Quem dera sentar e
pensar em algo, em qualquer coisa. O tempo ruge. Não há arrependimento de
viver. Mais sim de deixar a vida passar. Vale a pena parar. Pensar se o que
estamos fazendo realmente faz sentido. Parece não haver muito sentido em lutar
muito por tão pouco. O sucesso não vem necessariamente no mesmo caminho
daqueles que já chegaram ao cume. O segredo está em descobrir um novo caminho.
Pensar algo novo, que tenha sentido para muitos. Então, se as pessoas tem
dificuldade em entender-nos, acredito que estamos no caminho equivocado.
Os dias passam. Em anos superamos prazos, medidas, cotas,
valores, metas, pessoas. Não superamos desafios intelectuais. Somos sempre a
mesma pessoa em essência. Não digamos profissionalmente, economicamente. À
medida que nos credenciamos mais na nossa área, somos mais ignorantes em tudo. Deixamos
de aprender, de descobrir de criar. Parece que as pessoas aprendem tantas
coisas novas nos seus primeiros anos, línguas, instrumentos, métodos de expressão,
atividades físicas. E depois passamos o resto da vida tentando ser bom em
apenas alguma coisa. Estamos assistindo a vida passar e tentando de todas as
maneiras atrofiar o próprio cérebro. Que bom somos conosco.
Os dias são iguais, as pessoas são sempre as mesmas, os lugares,
os de sempre. Os anos passam depressa. Não há muitas memórias que recordar, é
uma coleção de arquivos iguais. Verdadeiramente é uma sobreposição diária de
mesma coisa, enquanto que a memória fica sempre vazia.